30 abril, 2007

Ontem, mais de 2000 pessoas, participaram na VIII Jornada Eucaristica Arciprestal


É já uma tradição, uma boa tradição!
Começou há 8 anos e continua com a mesma força, o mesmo entusiasmo... poderíamos pensar que, com o decorrer do tempo, as pessoas deixariam de acorrer... mas a multidão que, ontem esteve presente, prova o contrário. Valeu a pena, e, por isso mesmo, estão todos de parabéns. Estiveram presentes pessoas das 22 paróquais do concelho.

Uma só Eucaristia para todo o concelho, uma só família, todos à volta do mesmo altar...

É com esta e com outras actividades de conjunto a nível arciprestal (o crisma, preparação para o sacramento do Baptismo, catequese no Centro Pastoral D. João de Oliveira Matos de todos os alunos do 5º e 6º ano) que queremos ajudar os cristãos de Celorico da Beira a compreender, a aceitar e a empreender a renovação e as mudanças que se impõem. Não basta falar teoricamente na necessidade das novas unidades pastorais. É necessário estar convencido e não ter medo de dar passos concretos...

O Pe. Martins, no ano em que celebrou as bodas de prata sacerdotais, deixou-nos uma proposta de mudança na vida e acção pastoral das comunidades cristãs, sobretudo no mundo rural: "MENOS PADRES, CRISTÃOS MAIS COMPROMETIDOS E NOVAS UNIDADES PASTORAIS". É necessário e urgente encontrar novos pólos de dinamização da acção pastoral e da vida cristã.

No final da Eucaristia, não se esqueceu de referir a sua longa experiência de viva em comunidade. Apesar dos contratempos, é já uma experiência que dura há 20 anos!!! Viveu 6 anos na comunidade de S. Miguel da Guarda e vive há 14 anos na comunidade de Celorico da Beira.
Todos nós concordamos que a vida em comunidade é um passo importante para a criação de uma unidade pastoral...

27 abril, 2007

Dificuldades e desafios (continuação do II Cap.)

Muitos cristãos ainda têm uma certa dificuldade em entender a missão da Igreja, sobretudo a parte que diz respeito aos leigos. E da parte dos leigos, o que mais lhes custa a aceitar é o seu lugar na liturgia. Para vencer a ignorância e, mais ainda, o peso da tradição, impõe-se uma continuada e esclarecedora catequese sobre a Igreja. De facto, sem uma justa visão e compreensão da Igreja não é fácil aceitar as mudanças que se impõem. Porém, em muitos casos, o esclarecimento não parece suficiente. As pessoas até compreendem que os sacerdotes não podem fazer tudo e que os leigos, por direito próprio, podem fazer muitas coisas no âmbito da liturgia. Mas, mesmo assim, muitos continuam a exigir que o sacerdote faça tudo. Consideram que é “mais bonito”, “as coisas ficam mais bem feitas”, “as celebrações são mais válidas”. Nestes casos, resta apelar à conversão da mente e do coração. Só assim serão capazes de aceitar as mudanças e de participar mais activamente na vida da Igreja.
Todavia, não faltam aqueles que não querem ser esclarecidos nem se querem converter. Esses são, normalmente e como é fácil de adivinhar, os que menos praticam e menos querem com a Igreja e com o padre. Mas, sem que reconheçam a contradição em que caem, são os que mais exigem e mais alarido fazem para que tudo continue na mesma.
  • Querem e exigem a Eucaristia no casamento e que seja o sacerdote a presidir á celebração do mesmo. Mas antes, raramente ou nunca põem os pés na igreja, dispensando bem a Eucaristia dominical. E, depois do casamento, tarde ou nunca lá voltarão. E ao padre só o vêem e só o querem nessas ocasiões, porque lhes convém.
  • Querem e exigem a Eucaristia no funeral dum familiar, mas eles ficam fora da igreja, durante a celebração; querem que o padre acompanhe o cortejo fúnebre até ao cemitério, mas eles são capazes de ir a falar, durante todo o percurso; querem que seja o padre a orientar a oração no cemitério, mas eles não abrem a boca!
  • Querem ver o padre a fazer as procissões, mas eles não participam nas mesmas. Muitos limitam-se a colocar-se em lugares estratégicos das mesmas, para “ver a banda passar” e gozar o espectáculo. Todos estes querem o padre por uma questão de tradição e de bem parecer. E se os padres não fazem o que eles querem e como querem, acusam-nos de lhes fazer perder a fé e de acabarem com tudo.

Mas que fé é a deles, se não querem viver segundo a verdade do Evangelho e os ensinamentos da Igreja? Afinal, que fé é que eles perdem? Seguramente, não é a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo! E também podem estar certo que, em princípio, não são os sacerdotes que acabam com tudo. Muito menos acabam com o que é válido e deve permanecer. Convém esclarecer.

Há tradições que, por deixarem de ser uma adequada expressão de fé, podem e devem acabar.

Outras correm o risco de desaparecer, porque as comunidades ou alguns dos seus membros não aceitam que sejam orientadas pelos leigos.
Consequentemente, há tradições que acabam porque, por um lado, os padres não podem nem devem fazer tudo e, por outro lado, os leigos não assumem ou não lhes é dada a oportunidade de assumir a parte que lhes cabe.

É possível e desejável inverter esta situação. Assim o queiramos todos! Os cristãos, que o são apenas de nome ou por mera tradição, merecem certamente o nosso respeito e a nossa solicitude pastoral. Devemos insistir junto deles, com verdade e com caridade, para que vejam e entendam melhor a realidade do ser cristão e do ser Igreja. Porém, em nome da fidelidade ao Evangelho e à missão recebida de Jesus, não podemos permitir que eles, com a sua teimosia e os seus protestos, nos impeçam de avançar no justo caminho da renovação! Queremos e desejamos que eles caminhem connosco, mas não deixaremos de avançar no caminho, se eles persistirem em ficar para trás! Muito caminho tem deixado de ser percorrido na Igreja e em igreja por causa daqueles que não querem avançar!

A Paróquia e a Missão da Igreja (II Capítulo do livro do Pe. Martins)

A missão do sacerdote e dos leigos no âmbito da Paróquia.
Para que na paróquia se realize efectivamente a missão da Igreja, importa esclarecer melhor o que é específico da missão do sacerdote e o que é próprio da missão dos leigos.
Convém advertir, mais uma vez e antes de mais, que não é a diminuição de sacerdotes que leva a restringir a sua missão e a ampliar a dos leigos. Por menos que os sacerdotes sejam ou venham a ser, os leigos nunca farão o que é específico do ministério sacerdotal, como presidir à Eucaristia e perdoar os pecados. E por mais que os sacerdotes sejam ou venham a ser em qualquer parte do mundo, estes não devem “açambarcar” os serviços e ministérios laicais.
A missão dos leigos não depende do número dos sacerdotes existentes nem estes devem condicionar ou limitar a sua concretização no seio da Igreja. O âmbito e o alcance da missão dos leigos derivam do seu baptismo e consequente pertença a Cristo e à Igreja.
Assim e nessa medida, todos os leigos participam da missão da Igreja e são chamados a colaborar na sua realização. No entanto, alguns são chamados, devidamente preparados e mandatados para exercer os diferentes ministérios laicais.

A missão de ensinar, que corresponde à missão de Cristo Profeta.
Como profeta, Jesus anunciou, com palavras e obras, a Boa Nova do Reino de Deus, ou seja, o projecto de Deus relativo á salvação da humanidade.
A missão de ensinar concretiza-se, em primeiro lugar, no anúncio do Evangelho de Jesus. Depois, no aprofundamento da fé, através da catequese e outros meios de formação cristã.
O aprofundamento da fé é uma tarefa e uma exigência que se estende a toda a vida do homem. Por isso mesmo, também a catequese, ainda que com ritmos e intensidade diferentes, deve abranger toda a caminhada existencial do cristão. Deste modo, ela não se esgota na catequese da infância e adolescência, mas barca necessariamente os jovens e os adultos.
Entre outros meios de formação, destaca-se a preparação para os sacramentos, como a preparação dos pais e dos padrinhos no caso do baptismo, e a preparação dos noivos para o matrimónio.

A missão do sacerdote.
Na paróquia, o pároco é o principal responsável pelo ministério da palavra (a missão profética) e este, por sua vez, constitui o seu primeiro dever.
Com efeito, “os presbíteros têm, como primeiro dever, anunciar a todos o Evangelho de Deus, para que, realizando o mandato do Senhor: “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a todas as criaturas”(Mc 16,15), constituam e aumentem o povo de Deus” (PO 4).
Os apóstolos confirmam que essa é a prioridade da sua missão, quando, verificando que não podem acorrer a todas as necessidades da comunidade cristã de Jerusalém, pedem que se escolham outras pessoas (os diáconos) para atenderem as viúva, os órfãos e os pobres. Nessa ocasião, argumentam: “não convém deixarmos a palavra de Deus, para servirmos à mesa ...Quanto a nós, entregar-nos-emos assiduamente à oração e ao serviço da palavra” (Act 6, 2.4).
O apóstolo não tem de fazer tudo o que é importante e necessário na vida da comunidade. Ele deve, isso sim, dedicar o melhor de si mesmo e do seu tempo ao que é essencial e primordial da sua missão, ou seja, à oração e ao anúncio do Evangelho de Jesus.
Pode-lhe faltar o tempo para outras actividades, mas não para o anúncio do Evangelho. Caso contrário, os homens não podem conhecer Jesus e acreditar nele. E sem fé, os homens não podem salvar-se.
E ainda que tenha muitas coisas para fazer, não pode roubar tempo ao tempo da oração. Com efeito, se o apóstolo não reza e não vive em íntima sintonia com Deus, como pode falar dele aos homens, com verdade e persuasão?

A missão dos leigos.
O serviço da palavra não é monopólio exclusivo dos apóstolos. Os próprios diáconos, entre os quais sobressaem Estevão e Filipe, dedicam-se ao anúncio do Evangelho de Jesus Cf Act 6,8 – 7,60; 8,4-13.26-40).
Muitos outros cristãos, que deixaram Jerusalém devido à perseguição que se seguiu à morte de Estevão, “foram de aldeia em aldeia, anunciando a palavra da Boa Nova” (Act 8,4). Encontramos ainda Áquila e Priscila, um casal de judeus convertidos, a instruir Apolo, na cidade de Éfeso (Act 18,26).
Como dissemos anteriormente, a missão de ensinar é dever de todos os cristãos. De facto, “ a todos os fiéis incumbe o glorioso encargo de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e em toda a terra” (AA 3).
Na realidade, são muitos os fiéis leigos empenhados no ensino, de modo especial, ao nível da catequese da infância e adolescência. Mas também os encontramos empenhados, embora em menor número, nos outros níveis de formação.
Pode-se mesmo afirmar que os fiéis leigos, entre os quais estão os pais cristãos, pelo seu trabalho mais directo e mais constante, são os que mais fazem e melhor garantem a transmissão e a educação da fé. O seu papel é, pois, abrangente e insubstituível.

A missão de santificar, que corresponde à missão de Cristo Sacerdote.
Como sumo e eterno sacerdote, único mediador entre Deus e os homens, Jesus entregou-se a si mesmo para redenção de todos (cf 1Tim 2,5-6).
Na verdade, no altar da cruz, como sacerdote que oferece e, ao mesmo tempo, como vítima que é oferecida ao Pai, Jesus realiza a salvação, redime e santifica o homem, dando-lhe pleno acesso à vida de Deus.
A igreja continua a missão sacerdotal ( missão de santificar) de Jesus mediante os sacramentos e a oração. Com efeito, “a Igreja desempenha o múnus de santificar de modo peculiar pela sagrada liturgia, que pode considerar-se como o exercício do múnus sacerdotal de Jesus Cristo, na qual por meio de sinais sensíveis se significa e, segundo o modo próprio de cada um, se opera a santificação dos homens, e pelo Corpo místico de Jesus Cristo, Cabeça e membros, se exerce o culto público integral de Deus” (CDC 834 §1).


Sacerdócio comum e sacerdócio ministerial
Pelo baptismo, todos os cristãos participam da missão sacerdotal
de Cristo. “Cristo Nosso Senhor... fez do novo povo de Deus um reino sacerdotal para seu Deus e Pai” (LG 10). Este é o chamado sacerdócio comum dos fiéis, porque todos os cristãos, enquanto incorporados em Cristo pelo baptismo, são realmente sacerdotes.
Depois, temos o sacerdócio ministerial dos presbíteros. Estes “são consagrados por Deus, por meio do ministério dos Bispos, para que, feitos de modo especial participantes do sacerdócio de Cristo, sejam na celebração sagrada ministros d’Aquele que na Liturgia exerce perenemente o seu ofício sacerdotal em nosso favor” (PO 5).
O sacerdócio comum não dispensa o sacerdócio ministerial. Por sua vez, o sacerdócio ministerial não elimina o sacerdócio comum dos fiéis. “Ambos participam, a seu modo, do único sacerdócio de Cristo” (LG 10). E, enquanto “se ordenam mutuamente um para o outro”, realizam efectiva e eficazmente a missão de santificar no seio da Igreja.

A missão do sacerdote
Os sacerdotes, ao realizarem a missão que lhes é própria, “ introduzem os homens no Povo de Deus pelo baptismo; pelo sacramento da penitência, reconciliam os pecadores com Deus e com a Igreja; com o óleo dos enfermos, aliviam os doentes; sobretudo com a celebração da missa, oferecem sacramentalmente o sacrifício de Cristo” (PO 5).

A missão dos leigos
Quanto aos fiéis leigos, estes exercem o seu sacerdócio “na recepção dos sacramentos, na oração e acção de graças, no testemunho de santidade de vida” (LG 10).
Os leigos não são meros receptores dos sacramentos, mas participantes e agentes dos mesmos. No caso concreto da Eucaristia, torna-se bem evidente que os fiéis são também sujeitos celebrantes.
Assim o revelam as palavras com que o sacerdote convida os fiéis ao acto penitencial: “...para celebrarmos dignamente os santos mistérios...”. E também o convite que o sacerdote faz após a apresentação dos dons : “Orai, irmãos, para que o meu e o vosso sacrifício seja aceite por Deus Pai..”.
Com o sacerdote, os fiéis “oferecem a Deus a vítima divina e a si mesmos juntamente com ela” (LG 11). Os fiéis exercem, pois, um verdadeiro sacerdócio.
Além disso, os fiéis realizam a sua missão de santificar nas celebrações litúrgicas, exercendo os ministérios que lhes correspondem. De facto, são diversos os ministérios que os fiéis podem e devem exercer na Sagrada Liturgia. Entre outros: o ministério de Leitor, de Acólito, de cantor, Comentador. Podem ainda distribuir a sagrada Comunhão ou presidir às orações litúrgicas ( Cf CDC 230).
Há ainda outras funções que, em determinadas circunstâncias, podem também ser exercidas por leigos.

a) “Assistir a matrimónios”.
A Igreja pode “delegar leigos para assistirem a matrimónios” (CDC 1112 §1). E isto já acontece em diversas partes do mundo católico.
O matrimónio é um pacto (compromisso) pelo qual o homem e a mulher, movidos pelo amor e de livre vontade, “se entregam e recebem mutuamente”, a fim de constituírem uma comunidade de vida para sempre (cf CDC 1057).
Para os cristãos, o próprio pacto matrimonial, quando celebrado validamente, é sacramento - o sacramento do matrimónio (cf CDC 1055).
Ora, se o sacramento do matrimónio resulta do próprio consentimento dos noivos, segue-se, com toda a lógica e clarividência, que os ministros do sacramento são os noivos e não o sacerdote. Esta é a verdade que importa sublinhar.
O sacerdote, quando presente, é apenas uma testemunha qualificada do compromisso que os nubentes assumem e manifestam diante da comunidade cristã. A testemunha qualificada, à qual se juntam mais duas testemunhas comuns, é necessária para dar fé do acto, para que o mesmo possa ser reconhecido pela Igreja e pelo Estado.
A partir do que fica dito, é fácil concluir e compreender que esta testemunha qualificada pode ser um leigo, desde que legitimamente mandatado pela autoridade competente. Esta escolherá certamente “um leigo idóneo, capaz de instruir os nubentes e apto para realizar devidamente a liturgia matrimonial” (CDC 1112 §2).
Nestas condições, o leigo pede e recebe o consentimento dos esposos em nome da Igreja, seguindo o ritual da “celebração do matrimónio na presença de um assistente leigo”.
E, para descanso se todos, o casamento é tão válido quando celebrado na presença de um leigo como quando celebrado na presença de um sacerdote ou diácono.

b) Presidir às Exéquias fúnebres.
“Nas Exéquias, a Igreja pede que os seus filhos, incorporados pelo baptismo em Cristo morto e ressuscitado, com Ele passem da morte à vida e, devidamente purificados na alma, sejam associados aos santos e eleitos no Céu, enquanto o corpo aguarda a bem-aventurada esperança da vinda de Cristo e a ressurreição dos mortos” (PRE 1).
Por outras palavras, nas exéquias “a igreja implora o auxílio espiritual para os defuntos e honra os seus corpos, e, ao mesmo tempo, leva aos vivos a consolação da esperança” (CDC 1176 §2).
Os Preliminares do Ritual prevêem o caso das exéquias serem presididas por um leigo. “Se a necessidade pastoral o exigir, a Conferência Episcopal com licença da Sé Apostólica pode até confiar essa missão a um leigo” (PRE 20).
Essa licença já existe para Portugal. Assim, as exéquias fúnebres, que não são um sacramento mas apenas um sacramental, podem ser realizadas por um leigo. Este, de preferência, deve ser instituído no Ministério Extraordinário das Exéquias.
A Igreja ensina e defende que a Eucaristia é o mais importante e eficaz acto de sufrágio pelos defuntos. Ora, o leigo não pode celebrar a Eucaristia, poderão argumentar algumas pessoas. É verdade, mas isso não é, de modo algum, um impedimento.
Também acontece, e não raras vezes, que o próprio sacerdote que preside ao funeral não pode, nesse dia ou nessa hora, celebrar a Eucaristia, em razão de outros compromissos anteriores ou prioritários.
O facto de, nessas circunstâncias, não se poder unir a celebração da Eucaristia à celebração das Exéquias, não impede que a Eucaristia seja celebrada noutro momento ou mesmo noutro dia.
Também pode acontecer que o sacerdote celebre a Eucaristia e o leigo realize as outras cerimónias fúnebres, como a oração no lugar onde se faz o velório, o cortejo e a oração no cemitério. E esta oração, feita em nome da comunidade e em comunhão com a Igreja, é seguramente agradável a Deus e proveitosa para todos.

c) Presidir à “Celebração do Domingo na ausência do presbítero”.
Nos domingos em que não é possível a presença do sacerdote e os cristãos não podem deslocar-se a outra comunidade, a Igreja, consciente da necessidade, do dever e do direito dos fiéis, propõe-lhes uma outra forma de celebrar o dia do Senhor.
Trata-se de uma celebração em que é proclamada a palavra de Deus (as leituras do respectivo domingo) e é distribuída a Sagrada comunhão (o que coloca os fiéis em relação directa com a Eucaristia e com o pároco). Além disso, os fiéis, reunidos como comunidade, professam a sua fé e rezam em comunhão com toda a Igreja.
Esta “celebração do Domingo na ausência do presbítero”, como a própria expressão “ausência do presbítero” deixa antever, é presidida por um leigo. Atendendo à estrutura da celebração, não admira que assim seja.
Na verdade, e como referimos mais acima, os leigos podem ser instituídos no ministério de Leitor e proclamar a palavra de Deus; como ministros extraordinários, podem distribuir a Sagrada Comunhão; e podem presidir à oração da comunidade.
Na maior parte dos casos, são os ministros extraordinários da Comunhão que presidem a estas celebrações do domingo. Mas existem já leigos preparados e instituídos especificamente para este serviço.
Os cristãos, que estão impossibilitados de participar na Eucaristia mas têm realmente uma fé viva, não deixam de sentir a necessidade de celebrar o dia do Senhor e, consequentemente, o dever de participar nestas celebrações do domingo.
É claro que este dever não é entendido e aceite, se apenas for visto à luz da lei canónica. Ele deve ser visto e entendido, muito mais, à luz da fé em Cristo e da pertença à Igreja.
Os cristãos, quando acreditam de verdade, mesmo sem a obrigação da lei, não deixam de viver e celebrar o dia do Senhor na forma possível. De facto, a celebração do Domingo, mais e antes que uma exigência da lei, é uma exigência e uma necessidade da fé.
Convém também dizer e esclarecer que este modo de celebrar o domingo deve constituir uma situação transitória. Só se justifica, por um lado, quando não é possível, naquela comunidade e naquele domingo, haver a celebração da Eucaristia. E, por outro, quando e para aquelas pessoas que não podem deslocar-se a outra comunidade.
Com efeito, o Domingo, o primeiro dia da semana, é o dia da ressurreição de Jesus e, por sua vez, a Eucaristia é o memorial do seu mistério pascal. Por conseguinte, o modo privilegiado de celebrar o dia do Senhor é a Eucaristia.
Para superar esta situação em que nos encontramos, e é uma obrigação de todos trabalhar nesse sentido, não basta pedir e esperar que haja mais vocações sacerdotais. Requer-se uma nova reorganização das comunidades cristãs e uma maior mobilidade por parte dos cristãos. Destes aspectos, voltaremos a falar mais adiante.

A missão de servir, que corresponde à missão de Cristo Pastor.
Como Profeta, Jesus anuncia a Boa Nova da salvação. Como Sacerdote, pagando com o preço da sua vida, Jesus realiza a salvação da humanidade. Como Pastor, Jesus apascenta e conduz todos os homens, para que a salvação aconteça na vida de cada um.
A solicitude pastoral de Jesus estende-se a todos os homens e aos homens de todos os tempos. Jesus quer integrar todos os homens num único rebanho, o novo Povo de Deus.
Embora se preocupe e cuide de todos, Jesus presta uma atenção especial aos pecadores, aos pobres, aos doentes, aos mais desprotegidos e abandonados. Jesus quer mudar realmente a sorte dos homens, restituindo-lhes a sua dignidade e levando-os a viver de acordo com a lei de Deus.
Na paróquia, a missão de servir consiste em organizar, orientar, gerir e garantir a vida da comunidade segundo o Evangelho de Jesus.
Passa, pois, pela programação e orientação da acção pastoral da paróquia. Esta tarefa cabe ao Conselho Pastoral Paroquial. Depois, passa pela administração dos bens da paróquia. Esta é competência do Conselho Económico Paroquial.
No âmbito da missão de servir, especial destaque merece o atendimento dos diferentes necessitados da comunidade. Entre estes emergem os doentes, os pobres, os idosos, as pessoas que vivem só, aqueles que são vítimas de algum tipo de exclusão.
Em função das necessidades e dos necessitados, existem ou devem organizar-se os diversos serviços sócio- caritativos.

A missão do sacerdote
Os sacerdotes exercem nas respectivas paróquias, em nome do Bispo e “com a autoridade que lhes toca, a missão de Cristo cabeça e pastor” (PO 6).
Eles são os principais responsáveis pelo serviço da caridade. A eles pertence velar, para que na paróquia se concretize a missão de Cristo pastor.

A missão dos leigos
Por sua vez, os leigos têm aqui um vasto campo de acção. Por um lado, têm um lugar próprio no Conselho Pastoral e no Conselho Económico. Por outro lado, empenham-se, mais do que ninguém, nos diversos serviços sócio-caritativos.
A Igreja recomenda vivamente: “os leigos tenham em grande apreço e ajudem quanto possam as obras caritativas e as iniciativas de assistência social... que levam auxílio eficaz aos indivíduos e aos povos necessitados” (AA 8).
Em muitas ocasiões, interpelados por necessidades pontuais, os cristãos cumprem o dever da caridade de um modo espontâneo, discreto e individual. Outras vezes, cumprem esse dever participando nos serviços existentes na paróquia com essa finalidade (o atendimento dos pobres, visita aos doentes...).
Isto implica saber e estar disposto a partilhar, para além dos bens, a vida e o tempo. Hoje, nos nossos meios, ainda há muita gente que precisa de ajuda material. Mas há muitas outras pessoas que precisam mais do nosso tempo, da nossa vida e do nosso coração.
O amor é o sinal distintivos dos discípulos de Jesus. “Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35). Por conseguinte, o serviço da caridade será o sinal distintivo de uma paróquia. Ele, ainda mais do que a participação no culto, atesta em favor da autenticidade da fé da comunidade cristã.
O compromisso dos leigos não se esgota neste nível da caridade. A missão dos leigos é a de levar a luz da fé e a força do amor de Deus ao mundo da família, do trabalho, da escola, da política, da economia, do lazer. O grande serviço da caridade reside precisamente nisto: levar os valores do Reino de Deus a todos os âmbitos da sociedade humana, para que esta seja transformada por eles.
Ninguém melhor do que os leigos, em razão da sua inserção no mundo, pode realizar esta tarefa.

(Continua)

21 abril, 2007

Domingo do Bom Pastor - Domingo das Vocações

A Jornada Eucarística coincide com o Domingo do Bom Pastor – o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Na mensagem para este dia, o Santo padre escreve: “O Dia mundial de Oração pelas Vocações é uma bela ocasião para vos colocar diante da importância das vocações para a vida e missão da Igreja e para intensificarmos as nossas orações para o seu crescimento em número e em qualidade”.

Deus quer precisar de homens e de mulheres que, na continuidade da missão de Jesus, colaborem com Ele na obra de salvação da humanidade. Na verdade, Deus pede a algumas pessoas (a jovens e a menos jovens) que se consagrem inteiramente ao serviço do Reino.
Qual a solucao para falta de vocacoes sacerdotais?
Maior empenho dos padres na promocao vocacional
Mais empenho das familias e das comunidades cristas
A alegria e o entusiasmo que os padres manifestam
Padres segundo o coracao de Deus e nao segundo a vontade da Igreja
A vivencia em comunidade: uma proposta e uma aposta mais generalizada
O celibato opcional
A reformulacao dos seminarios
  
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Vamos rezar para que o apelo e a proposta de Deus encontrem eco e as pessoas sejam generosas na resposta que dão. Além disso, cada um de nós deve também descobrir o que Deus quer da sua vida. Todos temos uma missão a cumprir e a nossa realização e felicidade dependem da fidelidade a essa missão.


PROGRAMA da VIII JORNADA EUCARISTICA
  • 15.30h – concentração no Mercado municipal e ensaio
  • 16.00h – Eucaristia, presidida pelo Senhor Bispo
    - Procissão do Santíssimo

VIII Jornada Eucarística Arciprestal (29 de Abril de 2007)

A Eucaristia – o Sacramento da Caridade

O Santo Padre, na recente Exortação Apostólica que escreveu, apresenta a Eucaristia como “o Sacramento da Caridade”. Por um lado e em primeiro lugar, a Eucaristia é o sacramento do amor de Deus pelos homens. Por outro lado e como consequência, a Eucaristia impele os homens a amar o seu semelhante, correspondendo assim ao amor de Deus.
O Papa Bento XVI começa com estas palavras: “a santíssima Eucaristia é a doação que Jesus Cristo fez de si mesmo, revelando-nos o amor infinito de Deus por cada ser humano”. Na oferta que Jesus faz da sua vida, o amor de Deus é levado até ao extremo. Deste modo, o amor de Deus vence o pecado e salva a humanidade inteira.
A Eucaristia, que Jesus instituiu durante a última Ceia, é o memorial da sua paixão, morte e ressurreição. Assim, todas as vezes que se celebra a Eucaristia é actualizado, no hoje da vida dos homens, o mistério da salvação. Em cada celebração da Eucaristia, até ao fim da história, renova-se a Páscoa de Jesus, ou seja, Jesus continua a oferecer a sua vida por todos e a todos se oferece como o Pão da vida eterna.
Na celebração da Eucaristia, o cristão encontra-se com o Senhor ressuscitado, Aquele que venceu o pecado e a morte do homem, dando assim início a um mundo novo e a uma nova humanidade.
Por sua vez, o cristão, na medida em que o é de verdade, é chamado a colaborar com Cristo na construção do mundo novo – aquele mundo que Deus, movido pelo amor e em vista da felicidade do homem, quer estabelecer na terra. Essa é uma exigência e uma obrigação que decorrem da própria participação na Eucaristia. A Eucaristia leva necessariamente ao compro-misso de vida!
O Cristão colabora com Cristo vivendo o mandamento do amor ao próximo; vivendo segundo os valores humanos, morais e espirituais do Evangelho; investindo as suas capacidades e talentos ao serviço do desenvolvimento justo e harmonioso da sociedade; indo ao encontro das necessidades dos homens, sobretudo dos mais esquecidos, partilhando com eles o que somos, a nossa vida, o nosso tempo, os nossos afectos e os nossos bens; vivendo e promovendo a unidade e a comunhão entre todos os homens; empenhando-se na edificação da paz.

A Jornada Eucarística, que este ano se realiza no dia 29 de Abril, é essencialmente o encontro dos cristãos de todas as paróquias do Arciprestado de Celorico da Beira em torno da Eucaristia.
Com esta celebração, pretende-se, por um lado, evidenciar a importância fundamental da Eucaristia na vida dos cristãos, e, por outro lado, manifestar e promover a unidade entre todas as comunidades cristãs.
Quem acredita no Senhor ressuscitado (a ressurreição de Cristo é o fundamento último da nossa fé) sente uma necessidade íntima e intensa de se encontrar com Ele, participando na Euca-ristia dominical.
Na verdade, graças a Eucaristia, nós podemos fazer, no hoje da nossa vida e da vida da nossa comunidade, a experiência da Páscoa. É o mesmo Jesus que nós podemos encontrar e acolher na nossa vida. É uma pena não aproveitarmos esta extraordinária e maravilhosa oportunidade!
Sendo assim, quem acredita efectivamente no Senhor da vida, olha e considera a participação na Eucaristia não como uma obrigação imposta de fora, mas como uma necessidade sentida por dentro. Esse até está disposto a sacrificar-se e a deslocar-se a outros lugares e comunidades para celebrar o Dia do senhor, e fá-lo de bom grado e com alegria!

Como dissemos, a Jornada Eucarística ajuda-nos a viver e a testemunhar a comunhão que deve existir entre os cristãos e as diferentes comunidades cristãs que constituem o nosso arciprestado. A Eucaristia ajuda-nos a construir essa unidade e comu-nhão, pois é “o Sacramento da Caridade”.
Gostaríamos que esta mesma unidade fosse também vivida ao nível das famílias. Nesse sentido, propomos que, na celebração da Jornada Eucarística deste ano, as famílias se apresentem como tal, ou seja, os pais, filhos e os familiares mais próximos devem ficar juntos durante a celebração. É importante viver a Eucaristia como família e compreender que esta faz parte de uma família mais alargada - a Igreja de Cristo.

Exortamos todos os cristãos (crianças, jovens e adultos) a participarem, com entusiasmo e com alegria, nesta celebração. Disponde o vosso coração e o vosso tempo. Deixai que Deus vos toque e avivai a fé que ainda existe em vós.

16 abril, 2007

Menos Padres para as mesmas Paróquias (O novo livro do Pe. Martins)

Menos Padres...
Um dos problemas que mais preocupa e afecta a Igreja é, sem dúvida alguma, a progressiva diminuição de sacerdotes.
Em arciprestados onde, há algumas décadas, trabalhavam dez ou mais sacerdotes, hoje são apenas três ou quatro. Como resultado, são muitos os sacerdotes que têm a seu cuidado seis ou mais paróquias. E as consequências que daí derivam para a acção pastoral e para a vida das comunidades são necessariamente muitas.
No entanto, do simples facto de serem menos não se pode concluir, sem mais, que os sacerdotes sejam poucos.
Não será que, em parte, os sacerdotes são poucos, porque ainda continuam a fazer muitas coisas que podem e devem ser feitas por leigos? Não estamos a falar de tarefas e responsabilidades que os leigos assumam pelo facto de os sacerdotes serem menos, mas porque são próprias da sua vocação laical!
Não será que os sacerdotes são poucos, porque queremos manter o número e o tipo de paróquias que temos?
Na realidade, temos paróquias com menos de cem habitantes! Muitas outras não ultrapassam as duas ou três centenas. E muitas dessas pessoas, embora baptizadas, não se encontram minimamente inseridas na vida da comunidade cristã, tendo com ela apenas uma relação ocasional (o casamento, o baptismo dos filhos, o funeral de algum parente ou amigo).
Depois, existem paróquias que se encontram muito próximas umas das outras ( 1,2 ou 3 Km). Porém, apesar de geograficamente vizinhas, estão muito distantes a nível eclesial. Constituem mundos à parte, como se não fizessem parte da mesma Igreja, da mesma e única família de Deus!
É claro que para manter esta situação os padres são poucos. Mas também é claro que esta situação não se deve manter!
A fé e a comunhão eclesial exigem que se empreenda uma nova reorganização das comunidades cristãs, se implemente um novo modelo de acção pastoral e se fomente um novo modo de celebrar e viver a fé.
Então, os padres já não serão tão poucos como isso!

... e paróquias a mais.
A exagerada criação de paróquias acontece em tempos de abundância de clero. Nesses tempos, e tempos houve em que os padres eram em demasia, tornava-se necessário garantir a todos um lugar (um ofício) bem como o indispensável sustento.
Assim, quando uma comunidade (ou o conjunto de pequenas comunidades) podia prover ao sustento de um sacerdote, era constituída em paróquia. E a excessiva abundância de clero permitiu e explica que até muitas famílias ricas, que tinham uma capela privada, tivessem também o seu próprio capelão!
Na paróquia, o sacerdote fazia tudo, e tinha tempo para fazer tudo, quer no que se refere à sua administração quer no que diz respeito à vida religiosa da mesma.
Neste tipo de paróquia, os leigos viviam completamente alheados da sua vocação e missão na Igreja e no mundo. Limitavam-se a assistir às celebrações religiosas e a dar o seu contributo económico para o sustento do culto e do clero.
De um modo geral, os cristãos não tinham uma fé esclarecida pela palavra de Deus. A Bíblia não estava ao alcance dos leigos. Não havia lugar para uma participação activa e consciente na liturgia. O sacerdote era o único protagonista e os leigos meros espectadores! E as implicações sociais da fé não eram tidas na devida conta.
Como tudo se passava no pequeno e fechado mundo da sua paróquia, os horizontes de pertença à Igreja eram muito restritos. Com muita dificuldade, os cristãos conseguiam ver e sentir para além da torre da igreja e das fronteiras da paróquia.
Ainda hoje, muitos cristãos têm dificuldade em compreender e viver a fé à luz da sua pertença à Igreja universal. Sentem-se amarrados aos limites da sua terra. Alguns nem sequer conseguem viver a sua fé no âmbito da comunhão paroquial. Não estão dispostos a encontrar-se com Jesus e com Deus noutros lugares e no seio de outras comunidades. Esses esquecem que a verdadeira fé vence todos os bairrismos e particularismos!

O que entretanto mudou
Felizmente, graças ao Espírito Santo, já muito mudou com o Concílio Vaticano II e a partir dele. Hoje é muito diferente e mais ajustada a visão que temos da Igreja, do ministério sacerdotal e da missão dos leigos.
Já há leigos, em quase todas as paróquias, que assumem alguma responsabilidade e exercem algum ministério. Por sua vez, os povos já compreendem e aceitam melhor que certas funções, até há pouco monopólio dos sacerdotes, sejam desempenhadas pelos leigos.
Todavia, ainda permanecem muitos sinais e efeitos da visão e mentalidade anteriores. De facto, muitos cristãos (entre os quais podemos incluir alguns padres) persistem em querer e exigir que o sacerdote faça também a parte dos leigos. Propositadamente esquecem, porque assim lhes convém, que os baptizados, pelo facto de o serem, participam da tríplice missão da Igreja (ensinar, santificar e servir).

É curioso notar que a diminuição dos sacerdotes se segue ao Concílio Vaticano II. Este dá início ao fim de uma Igreja eminentemente clerical. E uma Igreja menos clerical precisa, como é obvio, de menos padres e aproveita melhor os padres que tem!
Na verdade, à medida que os leigos assumem o papel que lhes cabe dentro da Igreja, os sacerdotes ficam mais disponíveis para aquilo que é específico da sua missão. E, nessa mesma medida, podem estender a sua acção, naquilo que lhes é próprio, a outras comunidades.
Além disso, à medida que se forem libertando os sacerdotes de certas funções burocráticas e administrativas, que não exigem o poder da ordem e que, por isso mesmo, podem ser exercidas pelos leigos, haverá mais sacerdotes disponíveis para o serviço pastoral das comunidades cristãs.
Embora seja preocupante a actual crise de vocações sacerdotais, ela seria muito mais dramática se tivéssemos de a olhar e vencer sem a luz da nova eclesiologia conciliar. Há, pois, nesta situação uma reveladora e providencial coincidência!

Depois, também é curioso notar que o início da diminuição dos sacerdotes coincide com a vulgarização do automóvel. Este facto veio permitir que um mesmo sacerdote se possa ocupar pastoralmente de várias comunidades.
Trata-se de mais uma feliz coincidência! Ou melhor, de um outro facto e sinal da providência de Deus! Na realidade, seria muito mais dramática a falta de clero sem os actuais meios de transporte que possuímos!
É evidente que, com a colaboração dos leigos e a facilidade de deslocação, o sacerdote pode chegar mais longe e a mais comunidades. Todavia, tudo tem um limite.
E há um critério para esse limite. Um critério que nos é dado por Jesus, quando se apresenta na sua missão de Bom Pastor. “Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-me” (Jo 10,13). O sacerdote, enquanto pastor que é, deve poder conhecer e amar aqueles que é chamado a servir em nome de Jesus.
Não basta que o sacerdote garanta o culto nas diferentes paróquias. Ele não pode descuidar ou pôr de lado a sua missão de pastor. Porém, tudo isso tem um limite. E na hora de atribuir mais paróquias, o Bispo não pode esquecer, por um lado, as reais exigências da missão do padre e, por outro lado, as suas contingências humanas.

Nos nossos dias, o automóvel vulgarizou-se de tal modo que quase todas as pessoas têm acesso a este meio de transporte. Parece lógico e é de esperar que os cristãos também o usem ao serviço da sua fé.
Os cristãos, quando acreditam de verdade, quando têm consciência da sua pertença à Igreja e quando vivem a comunhão eclesial, são capazes de se deslocar para participarem na Eucaristia ou para aprofundarem a sua fé noutras terras e com os cristãos de outras comunidades.
A fé, quando é autêntica, e a comunhão eclesial, quando é sentida, levam o cristão a vencer o comodismo e a superar o bairrismo das terras e lugares. Quando os cristãos acreditam de verdade e de verdade procuram a Deus, usam todos os meios que estão ao seu alcance para celebrarem a fé e se encontrarem com Ele.
Num tempo em que se usa o automóvel para tudo, até para ir tomar o café a cem metros de casa, porque é que não se há-de usar também ao serviço da vida cristã? Só o sacerdote é que tem a obrigação de o usar para chegar a todo lado?
Se a tua fé não te põe a caminho e não te abre a outras comunidades, não será porque ainda não acreditas verdadeiramente em Cristo nem professas a verdadeira fé da Igreja?

O decréscimo do número de sacerdotes coincide ainda com a acentuada desertificação do mundo rural, causada pela emigração, pela deslocação para os centros urbanos e pela descida da natalidade.
As paróquias têm efectivamente poucas pessoas e estas são, na sua maioria, idosas. Na realidade, são poucas as crianças e os jovens em idade escolar e de catequese. São poucos os adultos que têm formação suficiente para exercerem algum ministério no seio da comunidade. São poucas as pessoas que participam regularmente na vida da paróquia, muito concretamente na celebração da Eucaristia dominical.
Em paróquias com estas dimensões e com estas características, o sacerdote tem menos que fazer. Com efeito, são menos os grupos de catequese, os baptizados, os casamentos, as confissões, as reuniões de formação... Mas também é verdade que nestas paróquias é particularmente difícil manter um mínimo razoável de vida cristã.
Nas presentes circunstâncias, é legítimo questionar se estas comunidades podem ou não sobreviver como paróquias. E, em caso negativo, que solução poderemos propor?

11 abril, 2007

Há 20 anos a viver em comunidade



"A comunidade mais do que um modelo pré-fabricado que se impõe, é um ideal de vida que se propõe". Pe. Martins

No dia de Páscoa, o Pe. Martins festejou o 25º Aniversário da sua ordenação sacerdotal



No seguimento da missão dos Apóstolos, o sacerdote é chamado a ser testemunha da ressurreição de Cristo entre os seus contemporâneos.
É uma feliz coincidência celebrar os 25 anos da ordenação sacerdotal no dia de Páscoa. Esta evidencia e torna mais clara a prioridade do ministério sacerdotal.

O sacerdote é testemunha do mistério pascal de Jesus, antes de mais, quando o anuncia com convicção e alegria, deixando transparecer na sua voz, no seu rosto e na sua vida, a certeza e clarividência da sua fé (...). Depois, vivendo o seu ministério como quem espera e confia na recompensa de Deus.
O sacerdote, se o é por vocação de Deus, é seguramente um homem feliz.

Oxalá, eu me deixe iluminar e conduzir sempre por Ele, para que ele faça de mim, emtre os homens e a favor dos homens, testemunha da ressurreição de Jesus.

Jovens de Açores vivem a Paixão de Cristo

Depois de muitos ensaios, esforço e preparação da Via-Sacra chegou a Sexta-Feira Santa. Surgiu alguma desilusão, chovia e não era possível realizar a Via-Sacra encenada pelas ruas de Açores. Depois de alguma indecisão achou-se por bem realizá-la dentro da Igreja.
A Via-Sacra contemplava a meditar ao longo de quinze estações os vários olhares de Jesus, isto é os diversos sentimentos que Jesus exprimiria naquele momento de dor. Em cada estação eram expostos em frases esses olhares de Jesus, enquanto a Marta e a Ana Rita liam os textos correspondentes a cada estação. Não esqueçamos que a encenação pretendia ser muito simples, mas tornou-se bela com a expressividade que as várias personagens bíblicas lhe deram e a dignidade dada pelos próprios jovens.
Os momentos mais expressivos foram dados pelo encontro de Jesus com sua Mãe, a sepultura de Jesus e o momento da Ressurreição. Nesta última estação foi lido o episódio bíblico da Ressurreição, Jesus colocou-se ao centro com uma vela (símbolo da luz) com todas as personagens voltadas para o Senhor, tendo sido distribuído um papel a cada participante com os quinze olhares de Jesus. Este pretendia fazer reflectir cada cristão se está na disponibilidade de se deixar seduzir pelo olhar de Jesus Cristo, não esquecendo que Ele nos continua a fazer o convite: "Vem e Segue-Me".
A terminar foi pedido que toda a comunidade tenha presente nas suas orações os jovens. É difícil trabalhar, mas não é impossível motivar os jovens. Os jovens de Açores estão de parabéns por esta extraordinária expressão de fé!


Gilberto