31 dezembro, 2007

A familia é “a principal “agência” de paz”. Bento XVI

O homem não começa nem aprende a viver em família nesta família global, mas sim na sua família natural.

A família é “a primeira e insubstituível educadora para a paz”
A familia é a principal “agência” de paz”.

“Numa vida familiar sã experimentam-se algumas componentes fundamentais da paz: a justiça e o amor entre irmãos e irmãs, a função da autoridade manifestada pelos pais, o serviço carinhoso aos membros mais débeis porque pequenos, doentes ou idosos, a mútua ajuda nas necessidades da vida, a disponibilidade para acolher o outro e, se necessário, perdoar-lhe”.

É no seio da família que despertamos para a vida e para o valor da vida, que fazemos a primeira experiência do amor e o descobrimos e aprendemos a viver nas suas diferentes vertentes.
Este amor, que circula entre todos, anima e gere o mundo das relações, levando-nos à descoberta e vivência dos outros valores:
• a verdade e a sinceridade,
• a partilha e a doação,
• a gratuidade e a gratidão,
• a comunhão e a tolerância,
• a justiça e a solidariedade,
• o diálogo e a liberdade,
• a obediência e a disciplina…

São estas vivências e estes valores, experimentados e adquiridos naturalmente na nossa família, que, depois, transpomos, também naturalmente, para a nossa vida em sociedade, contribuindo para fazer dela uma verdadeira família, um autêntico mundo de paz.

A família humana, cada família é, deveria ser, essa é a sua principal razão de ser, uma comunidade de amor e de paz.

De verdadeiras famílias é o que os indivíduos e a sociedade mais precisam

Já o sabemos e acreditamos: a Família de Nazaré – a família de Jesus, Maria e José - é a mais sagrada de todas as famílias. Mas também sabemos e acreditamos que todas as famílias são sagradas.
Na verdade, Deus sonhou e criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança, ou seja, como uma família, já que Deus é uma família: Pai, Filho e Espírito Santo. É a família no seu todo, e não o homem e a mulher considerados individualmente, que é a imagem de Deus, o reflexo do seu ser e da sua vida. À imagem de Deus, a família é uma comunidade de amor geradora de vida!
Deus quis e quer que a vida dos homens na terra seja e se desenrole segundo modelo da vida do Céu, o seja, segundo o modelo da família divina, até porque é a essa meta última que Deus deseja conduzir a humanidade inteira.

Ao enviar o seu Filho ao mundo dos homens, Deus quis que Ele nascesse e vivesse numa família humana. E Deus providenciou-lhe essa família, escolhendo e preparando Maria e José. Até o Filho de Deus, na sua condição humana, teve necessidade de uma família!
Deus quis, como vimos no domingo passado, que José recebesse Maria como sua esposa e assumisse a missão de pai em relação a Jesus. Deste modo, ele passa a fazer parte integrante e insubstituível da sagrada família. Agindo assim, Deus reconhece que Maria, como qualquer mãe, tem necessidade de um marido e que Jesus, como qualquer filho deste mundo, tem necessidade de um pai. Mais, Deus mostra que só com José, o esposo e pai, a família fica completa e perfeita.
É nesta família e como membro desta família que Jesus vive, cresce e se desenvolve “em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens”, isto é, de um modo equilibrado, harmonioso e feliz.

Toda a verdadeira família é sagrada, tem a sua origem em Deus, tem a aprovação e a bênção de Deus. Com efeito, a família, “enquanto comunhão íntima de vida e de amor fundada sobre o matrimónio entre um homem e uma mulher, é uma instituição divina colocada como fundamento da vida das pessoas” (Bento XVI).
  • Fundamento da vida das pessoas. As pessoas só podem viver e realizar-se como pessoas na comunhão de uma família. A família é necessária para todos e ao longo de toda a vida, e não só até ao momento em que cada um atinge a sua maturidade e autonomia. Trata-se de uma necessidade que abarca todo o existir do homem, desde o nascimento até à morte.
    Tanto assim é que o homem e a mulher, quando deixam o pai e a mãe, segundo a primeira página da Bíblia, só o fazem para se unirem um ao outro, ou seja, para formarem uma nova família.
  • Eles vão dar origem a uma nova família, para assim garantirem uma família até ao fim dos seus dias, uma vez que, segundo a normal lógica da vida, os pais partem antes dos filhos. Só dando origem a uma nova família – uma nova comunidade de amor geradora de vida – se perpétua a anterior, se assegura a sua sobrevivência, se garante o seu futuro.
    Por conseguinte, o deixar os pais, o formar uma nova família não significa, não pode significar, não seria justo que significasse renegar a família dos pais ou privar os pais da família, a família a que eles continua a ter direito e da qual continuam a ter necessidade até ao fim da sua vida.
  • Os filhos que partem não podem esquecer ou descurar os seus deveres em relação aos pais, sobretudo quando eles, por motivos de idade ou de doença, mais precisam do seu apoio e do seu amor.
O autor do livro de Ben-Sirá recorda oportunamente esses deveres dos filhos: “Filho, ampara a velhice do teu pai e não o desgostes durante a sua vida. Se a sua mente enfraquece, sê indulgente para com ele e não o desprezes, tu que estás no vigor da vida”.

A ingratidão para com os pais parece ser um mal antigo. A exortação do autor sagrado, a necessidade de dirigir este apelo aos filhos revela que muitos estavam em falta.
  • Hoje, também são muitos. São, infelizmente, cada vez mais aqueles que não cumprem o quarto mandamento das Lei de Deus. Por isso, são muitos os pais que, nas suas próprias casas ou nos lares onde os colocaram, sentem o esquecimento e abandono dos filhos. A solidão a que são votados torna dramática e angustiante a sua vida, constitui o seu maior sofrimento, o mais difícil de suportar! Uma dor intensa e amarga que, normalmente, eles aceitam e vivem no silêncio. O silêncio próprio de quem continua a amar, apesar do seu amor não ser correspondido por aqueles que mais amam!

  • O amor e o apoio aos pais não deve ser entendido nem vivido como um simples dever, muito menos como um peso ou um fardo. Pelo contrário, como uma providencial oportunidade que temos de lhes retribuir um pouco pelo muito que fizeram e continuam a fazer por nós. Digo, continuam a fazer, porque, apesar de limitados fisicamente ou mesmo mentalmente diminuídos, eles continuam a amar-nos, oferecendo os sacrifícios da sua vida e rezando a Deus por nós.
  • Quem ama verdadeiramente os pais, quem vê neles a imagem mais fiel de Deus (os pais são, na realidade, a imagem mais próxima Deus, são o que temos de mais sagrado na terra!), quem tem consciência de que existe e de que deve o que é ao amor continuado e sofrido dos pais, esse considera uma sorte e sente-se feliz por poder fazer e sofrer alguma coisa por eles.
  • Além disso, deve ter presente a generosa recompensa de Deus: “a tua caridade para com o teu pai nunca será esquecida e converter-se-á em desconto dos teus pecados”. Vede quanto vale aos olhos de Deus a caridade para com os pais! Ela obtém-nos o perdão dos pecados!


Aqueles que não amam e não cuidam dos pais, também não serão, por sua vez, bons pais em relação aos seus filhos. Esses não cumprirão responsavelmente a sua missão de pais, não construirão verdadeiras famílias.

De verdadeiras famílias é o que os indivíduos e a sociedade mais precisam.

Voltaremos a falar da família no dia de Ano Novo, já que o tema escolhido pelo Santo Padre para o próximo Dia Mundial da Paz é precisamente este: “Família humana, comunidade de paz”.
Entretanto, olhemos para a Sagrada Família de Nazaré, aprendamos com ela a ser família e imploremos a sua protecção para a nossa e para todas as famílias do mundo.

24 dezembro, 2007

A Todos um Feliz Natal


Aproveito para desejar a todos a presença viva de Jesus no coração, que Ele nasça todos os dias em cada um.
BOM NATAL

22 dezembro, 2007

O “drama da desertificação”

Mensagem de Natal do Bispo da Diocese da Guarda

Na sua Mensagem de Natal, o Bispo da Diocese da Guarda, D. Manuel da Rocha Felício mostra-se preocupado com o “drama da desertificação humana” da região e considera que a situação poderá ser alterada “se houver coragem política”.

Para o Prelado Diocesano “se o Governo tiver coragem política de discriminar positivamente as nossas regiões e soubermos canalizar investimentos vindos do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional) para esta finalidade, certamente que nós vamos somar pontos e vamos encontrar caminhos”.

“O Senhor Presidente da República dizia que lhe parecia que já era tarde para atrair empresas para o nosso meio. Eu admito que não, se fizermos desta oportunidade, que dura seis anos, uma alavanca para, sobretudo, promovermos a iniciativa empresarial e de emprego dos nossos jovens”, afirmou D. Manuel da Rocha Felício aos jornalistas, após ter procedido à leitura da tradicional Mensagem Natalícia.

“Mais do que atrair grandes empresas” – considerou – “nós precisamos de ver os jovens da nossa terra empenhados em criar os seus próprios empregos”. “E há instrumentos à disposição de todos. Eu espero que as escolas, sobretudo as escolas terminais, voltem para aí a sua atenção de tal maneira que coloquem nas mãos dos jovens não só Diplomas que os enviam para o desemprego, mas, sobretudo, competências que os habilitem a entrar na produção de emprego e, isso é possível, nos condicionalismos que estão agora, objectivamente, criados”, considerou.

No tocante ao papel da Igreja neste processo, observou que a Cáritas Diocesana da Guarda, neste momento, “está a investir em frentes de luta contra a pobreza”, aludindo a um estudo já elaborado sobre a realidade da Diocese.

A diminuição da natalidade é outro assunto que preocupa o Bispo da Diocese da Guarda. D. Manuel da Rocha Felício considera que “ter um filho não pode ser oportunidade para a pessoa ser menos classificada em termos do seu emprego e da sua função social”. Para incrementar a natalidade no nosso país defende que seja posta em prática uma “discriminação positiva por via dos impostos”. “Sabemos hoje, que na Lei Portuguesa, um casal para pagar menos impostos, divorcia-se”, denunciou, considerando que “isto é um contra-senso”. “Então, um casal constituído paga xis de impostos, divorcia-se e paga menos impostos? Isto não passa pela cabeça de ninguém que quer construir um futuro de qualidade”. “Nós, se queremos construir um futuro de qualidade, temos que apostar nos valores e naquilo que dignifica as pessoas”, considerou.

Disse que esta situação “não tem jeito nenhum”. “Não passa pela cabeça de ninguém, mas são as contradições que hoje encontramos na praça pública. Temos que verificar, denunciar e, quando possível, anunciar caminhos alternativos”, sublinhou.

O Bispo da Diocese da Guarda mostrou-se esperançado que “as nossas leis passem a ser sensatas e não sejam um contra-senso como, em muitos aspectos, têm sido”.

Fonte: Jornal "A Guarda"

05 dezembro, 2007

D. Manuel Felício dá novas orientações pastorais para a Iniciação Cristã

A cúria Diocesana da Guarda acaba de publicar um texto com o título “Orientações pastorais para a Iniciação Cristã”.

Depois de um longo tempo de reflexão e consultas variadas, que demorou mais de um ano, o documento apresenta normas que foram elaboradas para ajudar os párocos e outros agentes pastorais e actuar com unidade de critérios na pastoral da Iniciação Cristã e da formação na Fé.

Depois de dizer o que é a Iniciação e o Catecumenado, o texto dá orientações para a prática pastoral em toda a nossa Diocese, nas seguintes situações:
  • Baptismo das crianças nos primeiros dias de vida;
  • Baptismo de crianças em idade de catequese;
  • Primeira Comunhão e Sacramento da Confirmação;
  • Adultos que pedem o Baptismo;
  • Iniciação Cristã e formação permanente de adultos baptizados em criança.

Recomenda-se vivamente a leitura e aplicação destas normas por todos os agentes pastorais, a começar pelos sacerdotes, para termos unidade de critérios, ao decidir sobre as várias situações aí contempladas”, refere D. Manuel Felício, Bispo da Guarda, em relação ao documento.

03 dezembro, 2007

Caminhada de Advento: CRISTÃO DE ADVENTO, PREPARA A PAZ!

Hoje somos particularmente sensíveis a palavras como paz, tolerância, concórdia.
Por volta do ano 740 antes de Cristo houve um profeta chamado Isaías que sonhou com um mundo de paz e quis que o seu povo se preparasse para vivê-lo. A liturgia deste primeiro Domingo do Advento convida-nos a estar alerta, preparandos esse novo horizonte que nos chega com o nascimento de Jesus, Rei da Paz.
Escutamos a Palavra de Deus (Is 2,1-5)
“Visão profética de Isaías, filho de Amós, sobre Judá e Jerusalém: No fim dos tempos o monte do templo do Senhor estará firme, será o mais alto de todos, e dominará sobre as colinas. Acorrerão a ele todas as gentes, virão muitos povos e dirão: Vinde, subamos à montanha do Senhor, à casa do Deus de Jacob. Ele nos ensinará os seus caminhos, e nós andaremos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém, a palavra do Senhor. Ele julgará as nações, e dará as suas leis a muitos povos os quais transformarão as suas espadas em relhas de arados, e as suas lanças em foices. Uma nação não levantará a espada contra outra, e não se adestrarão mais para a guerra. Vinde, casa de Jacob, caminhemos à luz do Senhor” .


Os estudiosos incluem a passagem sobre a qual reflectimos hoje (Is 2,1-5) no contexto dos capítulos 2, 1-4, 6. Estes capítulos contêm uma série de palavras proféticas de denúncia e de salvação dirigidas a Israel e a Judá. A passagem que hoje lemos é uma palavra de salvação.


PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO

A passagem fala de uma situação futura na qual se produzirá uma grande transformação.
Que ocorrerá com a colina donde se ergue o monte do Senhor?
Qual será a reacção de todos os povos?
No monte, os povos encontrarão a presença do Senhor, presença manifestada na sua Lei e Palavra. Uma Lei e uma Palavra que vêm de Deus; estão baseados num pacto de aliança e têm o poder de transformar a vida, de modificar a situação humana. Assim, quando Deus se constituir em juiz e árbitro das nações, então passar-se-á da dispersão e do caos à justiça e à paz.
Com que imagens se expressa esta conversão na passagem?
Desejando que chegue este futuro a todos os povos, Isaías termina o seu sonho com um convite a Israel: “Vinde caminhemos à luz do Senhor”!
Um convite que está em consonância com o apelo que nos é dirigido a partir do evangelho (Mt 24, 37-44): “Vigiai, porque podeis desviar-vos do caminho, estai preparados porque em qualquer momento pode aparecer o rei da paz”.
Revisão de vida
● A Palavra de Deus que escutámos como nos ilumina sobre os problemas concretos de divisão que há na nossa vida, na nossa família e no nosso mundo?
● Que podes tu fazer concretamente para preparar essa paz de que nos fala o texto?
Rezamos juntos
A Palavra escutada e a reflexão de grupo deram azo a que nos dirijamos a Deus pedindo-lhe pela paz no mundo, nos nossos ambientes, nos nossos corações. Podemos também dar-lhe graças pelos que trabalham para consegui-la e pelos êxitos que alcançámos no nosso caminho.